Cada vez mais pessoas se sentem dependentes do celular, aponta estudo
Uma nova pesquisa conduzida nos Estados Unidos pela empresa Common Sense Media fez um levantamento com um grupo de famílias para descobrir o impacto causado pelo uso de aparelhos de eletrônicos, e os resultados apontam comportamentos bastante preocupantes.
1. Uso excessivo antes de deitar
Embora nós, profissionais, estejamos repetindo a recomendação de não usar as telas antes de dormir, tanto os jovens quanto seus pais apresentam dificuldades em largar o hábito. A pesquisa mostrou que a cada 10 pais, 6 vão olhar seu celular pelo menos 30 minutos antes de dormir. E as crianças seguem na mesma linha — 7 em cada 10 dão uma "olhadinha" no aparelho.
Segundo o levantamento, 62% dos pais e 39% das crianças disseram que mantêm o celular ao lado da cama durante a noite toda. As meninas, por sua vez, mostram esse hábito em maior intensidade — 33% relataram a proximidade com o eletrônico durante o sono, em comparação com 26% dos meninos.
2. Sono interrompido
Muitas famílias também relatam ter seu sono interrompido em função das notificações contínuas que chegam no aparelho. A pesquisa mostra que 1 em cada 3 jovens acorda para verificar o celular durante a noite –o que, cá entre nós, é uma prática bastante prejudicial, pois interfere com a consolidação da memória daquilo que foi aprendido em sala de aula no dia anterior.
E não é só um problema dos jovens: 1 em cada 4 cuidadores também contaram ter o mesmo costume.
A investigação apontou que os pais reclamam com muita frequência a respeito da qualidade de seu sono no dia seguinte. Segundo os relatos, 51% deles recebem, pelo menos, uma notificação ao longo do período de descanso, e 48% afirmam não conseguirem voltar a dormir de maneira adequada.
As crianças –que deveriam estar mais preservadas, para assegurar suas funções cognitivas (de raciocínio) para a escola — também sofrem com o problema: 1 em cada 2, afirmaram também estarem acordando para olhar suas notificações quando chegam.
O maior problema é que várias pesquisas já mostraram que ter o sono interrompido pode levar à depressão, obesidade e uma série de outras doenças.
3. Tempo de uso
O número de pais que dizem gastar muito tempo em seu celular aumentou bastante em três anos: em 2016 eram 29% e em 2019, 52%. Por outro lado, os adolescentes acabaram por incluir de tal maneira o uso dos eletrônicos em sua rotina, que sua "percepção" de uso excessivo na investigação diminuiu — em 2016 eles eram 47% e hoje são apenas 29%.
4. Noção de interferência na relação com os pais
A pesquisa também apontou que houve um aumento no número de crianças que desejam que seus pais usem menos seu celular. Em 2016, eram 28% e em 2019, o número subiu para 39%.
5. Sentir-se dependente do celular
Quando se trata de se sentir dependente dos aparelhos, a maioria das crianças não está preocupada, mas seus pais estão bastante aflitos, aponta o estudo. Cerca de 45% dos pais se sentem pessoalmente viciados em seus dispositivos móveis, ou seja, quase 1 em cada 2 pessoas se sentem tendo uma relação pouco saudável com seus eletrônicos (registrou-se um aumento de 18 pontos desde 2016). Já, para crianças, 39% afirmam se sentirem dependentes de seu celular.
É necessário ficar atento
Ao que tudo indica, as coisas estão caminhando de maneira muito ruim quando o assunto é o uso dos eletrônicos com o objetivo de acessar as plataformas digitais. Embora ainda não tenhamos pesquisas no Brasil, creio que os dados americanos servem, no mínimo, de alerta a respeito da relação disfuncional que estamos desenvolvendo com nossos gadgets em nosso cotidiano e que apontam para uma direção futura nada saudável. E se você acha que estou exagerando, saiba que o Brasil é líder mundial de tempo gasto no WhatsApp.
É hora, portanto, mais do que nunca, de ficarmos mais atentos e conscientes a respeito de como a tecnologia tem absorvido o tempo e as funções "normais" de nosso dia a dia, bem como as implicações que esses hábitos podem estar criando na cabeça de nossas crianças e de nossos adolescentes. Embora ainda não seja reconhecida como uma doença oficial pela OMS (Organização Mundial de Saúde) as dependências tecnológicas estão por aí, sequestrando a nossa atenção — deixando-nos cada dia mais distraídos — e, pior, comprometendo de maneira expressiva nosso trabalho, nossas relações familiares e sociais.
Tenhamos cuidado quando as práticas "comuns" se tornam sinônimos de coisas "normais". Algo sério está ocorrendo com a nossa cabeça, como efeito colateral do deslumbramento dos eletrônicos. Fiquemos atentos, mais do que nunca.
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