Tecnologia e novas formas de isolamento
Não é novidade para ninguém perceber o quanto a tecnologia se faz presente em nossa vida nos dias de hoje, bem como não é novidade nenhuma também notar o quanto as vivências e as relações interpessoais cada vez mais são transferidas para o mundo digital.
Os gadgets modernos e seus programas como iPhone, iPad, iTunes, iPod trazem o "i" (traduzido como "eu") – pronome singular da primeira pessoa – como um elemento onipresente no cyberespaço moderno.
Dessa maneira, a internet tornou-se mais egocêntrica do que nunca ao colocar-nos no banco do motorista de nossas navegações na web.
Através de toda essa possibilidade, interagimos de uma maneira muito diferente do que fazíamos há anos com o conteúdo digital. Atualmente, baixamos apenas as músicas que nos atraem, buscamos notícias que nos interessam e, finalmente, visitamos sites que reproduzem ampla e irrestritamente a grande maioria de nossos interesses pessoais.
Alguns, como Eli Pariser, por exemplo, acreditam que estamos de tal forma imersos em conteúdos que nos seduzem que, apesar de estarmos profundamente conectados, estamos igualmente vivendo uma nova forma de isolamento, o iSolamento virtual. Nesse sentido, é bem fácil perceber que as informações que fogem desse modelo individual, naturalmente são filtradas ou bloqueadas por uma bolha (ou filtro) invisível.
Dificilmente o indivíduo será perturbado por coisas que não lhe agradam ou temas que não lhe importam.
Isso, inevitavelmente, acaba criando uma fragmentação das experiências pessoais ao reduzir os horizontes experienciais desses internautas. Lembremos que a internet, desde seu início, tinha como objetivo ampliar os limites ao diversificar as perspectivas individuais. Entretanto, sinto dizer, não é o que estamos, de fato, observando.
Outro ponto que merece destaque é que essa cultura da customização de conhecimentos, em parte, pode estar contribuindo para a criação de uma geração de narcisistas. Veja só: segundo o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, a presença do transtorno narcisista da personalidade é hoje 3 vezes maior entre jovens com 20 anos de idade do que o das gerações que possuem 65 anos ou mais.
Seriam então os Selfies (hábito de obsessivamente se autofotografar e postar nas redes sociais) uma demonstração clara deste processo? Sabemos que indivíduos com perfis narcisistas possuem mais contatos nas redes sociais do que indivíduos não narcisistas e, assim, eu pergunto: apesar de todos os avanços da tecnologia, estaríamos vivendo uma nova forma de iSolamento moderno?
Eu creio que hoje, mais do que nunca, as futuras gerações ainda poderão pagar um alto preço por esse autismo digital.
Espero estar profundamente equivocado.
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