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Blog do Dr. Cristiano Nabuco

Como anda seu relacionamento?

Dr. Cristiano Nabuco

20/11/2013 07h00

©-julli-Fotolia.com

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Nos EUA, quase 50% dos casamentos acabam em divórcio e uma nova pesquisa tenta delimitar os fatores que podem fazer que o amor seja mais durável.

Pergunte a um jovem casal, quanto tempo o casamento deles irá durar e seguramente eles responderão que "para sempre".

Um estudo feito por Jeffrey Jensen Arnett, da Universidade de Clarke, e especializado em temas da idade adulta, 86% dos mais de mil entrevistados com idade entre 18 e 29 anos disseram esperar que seus relacionamentos fossem eternos. Aqueles que disseram o contrário, entretanto, tinham grande tendência de não se casarem.

Outro estudo do Centro Americano de Estatísticas em Saúde (NCHS) diz que os casais que acham que conseguirão celebrar seu aniversário de 20 anos foi apenas a metade dos entrevistados. Entre os homens, por exemplo, apenas 52% acham que conseguirão e 56% foi a resposta entre as mulheres.

Apesar das taxas de divórcio terem diminuído desde os anos 1980, os números de casamento também diminuíram sensivelmente, além do fato das pessoas hoje estarem casando mais tarde. Desta maneira, como resultado, as taxas de separação ficaram oscilantes entre 40% e 50% nos últimos anos.

Mas a pergunta que muitas vezes fazemos é: o que faz com que duas pessoas que disseram "sim" um dia em resposta ao casamento, desfaçam sua vida depois de um tempo?

Graças a diversos estudos longitudinais (de longa duração e com muitos entrevistados), a pergunta parece estar sendo formulada de maneira equivocada. Eu explico. A indagação correta deveria ser: o que faz com que as pessoas fiquem juntas?

Um dos pontos importantes a ser observado, dentre vários, é a forma com que os casais resolvem seus impasses e brigas internas. Outro estudo aponta que quase 70% das brigas entre os casais ficam sem solução.

Ocorre que, grande parte das vezes, vemos que na tentativa de solucionar um problema, cada um "puxa" os argumentos a seu favor, na tentativa de vencer a briga e, neste momento, se passa por cima dos sentimentos do outro, gerando ainda mais desconforto (o de não ter sido ouvido a primeira vez e agora a de novamente ser desconsiderado). Não que não possa existir um lado que seja, em um determinado momento, mais sensato, entretanto, aparentemente as coisas saem dos trilhos neste ponto. As brigas, portanto, ficam sem solução.

Outro tipo de coisa que aparece nas pesquisas, como indicador de uma boa saúde psicológica, é como estes casais se divertem conjuntamente. Fazer viagens, cursos ou planos juntos a médio e longo-prazo são vitais para manter estável a união do casal.

O nível de educação também é outro fator importante. Mulheres com curso superior, por exemplo, têm 78% mais chances de dizer que seus casamentos durarão mais de 20 anos em comparação com aquelas sem curso superior, cujas respostas giram em torno dos 41%.

A idade no casamento também é apontada como importante. Aqueles que esperam mais tempo para se casar, apresentam menores tendências de se divorciarem.

Ter filhos depois de se casarem também aumenta as chances dos casais pensarem em ficar juntos.

E a saúde das finanças domésticas é um dos maiores fatores de desentendimento e final de relacionamento.

© Valua Vitaly - Fotolia.com

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Fazendo o amor durar

Enumerei algumas dicas que acho importante serem observadas, anote:

Expresse afeto: As pequenas coisas são importantes. Entre os casais cujos relacionamentos duravam mais, sempre havia pequenos e constantes gestos de afeto. Entre os casamentos com piores níveis de avaliação, esse tipo de comportamento não era lá algo muito comum e raramente aparecia. Essas pequenas atitudes de cuidado impactavam até mesmo nos níveis de estresse no trabalho, o que ajudava em outro ponto sensível para um bom casamento.

Saiba se comunicar: Falar mais, de forma a construir um diálogo, compartilhar sonhos e esperanças, fazer listas de desejos, e conhecer melhor um ao outro – já que todos mudamos o tempo todo, independente de estar ou não casados – são algumas sugestões. "Quem somos nós", "o que queremos para o futuro como casal" e "como gostaremos de ser lembrados" podem ser algumas questões que os casais deveriam se perguntar um ao outro o tempo todo.

Celebre as coisas boas: Mais do que dar apoio quando as coisas vão mal, celebrar boas notícias também faz parte do sucesso como casal. Se sua esposa ou marido recebeu uma promoção: saia para jantar, dê parabéns de verdade. Vibre verdadeiramente pelo outro(a). Torne assim boas memórias melhores ainda.

Arrisque: Aceitar o marasmo na relação é perigoso. Variedade, novidade e surpresas são as palavras de ordem para fugir desse fator negativo. Sugerir atividades físicas diferentes (como uma caminhada por um novo parque), viajar, descobrir novos restaurantes, aceitar convites de festas de pessoas relativamente conhecidas (e descobrir conversas completamente diferentes das usuais) são algumas dicas.

Saber que amor não é o bastante: A maior lição do casamento é que é preciso querer estar casado. É preciso ter consciência disso, fazer esforços e se comprometer no dia-a- dia. Casamento é como uma profissão: é preciso se atualizar, fazer novas descobertas, ser pró-ativo para mantê-lo, contornar problemas, superar dias ruins e não desistir imediatamente quando as coisas vão mal. E, finalmente:

Procure ser consciente: Outra dica de ouro para quem está casado: você está com uma pessoa que escolheu para estar junto e ela também optou por isso. Isso é um motivo para celebrar e cuidar sempre do outro.

Moral da história, procure estar sempre atento(a) e receptivo às reações do parceiro(a) e, o mais importante, não crie expectativas irreais. Arnaldo Jabor, a este respeito, afirma: "Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?".

 

Sobre o autor

Cristiano Nabuco é psicólogo e atua em consultório particular há 32 anos. Tem Pós-Doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente trabalha junto ao PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP; Coordena o Núcleo de Terapias Virtuais (SP) e o Núcleo de Psicoterapia Cognitiva de São Paulo. Foi Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Publicou 13 livros sobre Psicologia, Psiquiatria e Saúde Mental.

Sobre o blog

Neste espaço, são discutidas ideias e pesquisas sobre comportamento humano, psicologia e, principalmente, temas que se relacionam ao cotidiano das pessoas. Assuntos centrais na construção de nossa autoestima, felicidade e vida. Seja bem-vindo(a)!