Topo

Você realmente precisa comprar tudo isso?

Dr. Cristiano Nabuco

19/04/2013 09h00

Quem alguma vez não passou pela experiência de comprar por impulso e depois ter que lidar com aquele tremendo arrependimento? Bem, seria quase impossível não achar alguém que nunca tenha cometido este deslize, entretanto, há um grupo de pessoas em que isso se tornou um verdadeiro pesadelo. Hoje, são contabilizados mais de 18 milhões de americanos que sofrem com o problema (não existem estatísticas brasileiras).

Corbis

Atingindo cerca de 3% da população, a compra compulsiva ou "oniomania" faz com que famílias e suas contas bancárias sejam totalmente devastadas.

Talvez seja muito difícil lidar com o apelo que o comércio faz para garantir que seus produtos sejam vendidos, ou seja, através de folhetos, cartazes em shoppings, e-mails, televisão (sem falar nos canais de compra), viramos uma sociedade onde comprar virou sinônimo de recreação. Estamos, na verdade, sempre "dando uma olhada" nas vitrines até que, em alguns casos, este comportamento tenha se tornado incontrolável. E você, como lida com isso?…

Comprando descontroladamente

Uma pessoa só é considerada um comprador compulsivo se é incapaz de controlar o desejo de compra e quando os gastos frequentes se tornam excessivos em sua vida.

Antes de cometer o ato do qual não tem controle, é comum que o consumidor compulsivo apresente grande euforia ou excitação. Já durante a execução da compra, ele(a) experimenta sensações de prazer e muita gratificação. Após a compra, os sujeitos podem experimentar alívio e, em vários casos, muita culpa ou remorso.

Quando, por algum motivo, são impedidos de comprar, estas pessoas costumam relatar sensações de angústia, frustração e irritabilidade.

O comprador compulsivo consome pelo prazer de consumir e não pela real necessidade do objeto, e compra mais produtos relacionados à aparência, como roupas da moda, sapatos, jóias e relógios do que outros produtos.

Podemos traçar um paralelo entre as compulsões por compras e as dependências químicas. Em ambas, há perda de controle e o paciente se expõe a situações danosas para si e também para os outros.

Se você responder "sim" a mais de 4 questões, é bom procurar ajuda

1) Você tem preocupação excessiva com compras?
2) Muitas vezes acaba perdendo o controle e comprando mais do que deveria ou poderia?
3) Já tentou e não conseguiu reduzir ou controlar as compras?
4) Você percebe se faz compras como forma de aliviar a angústia, tristeza ou qualquer outra emoção negativa?
5) Mente para encobrir o descontrole e as quantias que gastou com compras?
6) Tem problemas financeiros causados por compras?

Ah, ia esquecendo: se você percebeu que já perdeu o controle, peça orientação de um profissional. Em uma realidade onde somos constantemente afetados pelas coisas, comprar se tornou uma maneira muito eficaz de anestesiar nossos sentimentos ruins.

Não requer muito esforço encontrar alguém que compra compulsivamente para poder criar alguma perspectiva diária em sua vida. Evidente que, nestes casos, não estamos falando de perda de controle como a oniomania, mas da pura falta de sentido de vida. Assim sendo, fique atento(a) e verifique se você não tem o controle sobre as compras ou se escolhe não se controlar.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Você realmente precisa comprar tudo isso? - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Cristiano Nabuco é psicólogo e atua em consultório particular há 32 anos. Tem Pós-Doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente trabalha junto ao PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP; Coordena o Núcleo de Terapias Virtuais (SP) e o Núcleo de Psicoterapia Cognitiva de São Paulo. Foi Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Publicou 13 livros sobre Psicologia, Psiquiatria e Saúde Mental.

Sobre o blog

Neste espaço, são discutidas ideias e pesquisas sobre comportamento humano, psicologia e, principalmente, temas que se relacionam ao cotidiano das pessoas. Assuntos centrais na construção de nossa autoestima, felicidade e vida. Seja bem-vindo(a)!