{"page-prev":false,"page-next":true,"blogosfera-options":{"category":[{"link":"http://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br/category/sem-categoria/","title":"Sem categoria","descriptions":"","slug":"sem-categoria","size":239}],"page-type":"home","blog-id":"86","site-url":"http://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br","author-info":{"title":"Sobre o autor","description":"Cristiano Nabuco \u00e9 psic\u00f3logo e atua em consult\u00f3rio particular h\u00e1 32 anos. Tem P\u00f3s-Doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Cl\u00ednicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente trabalha junto ao PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP; Coordena o N\u00facleo de Terapias Virtuais (SP) e o N\u00facleo de Psicoterapia Cognitiva de S\u00e3o Paulo. Foi Presidente da Federa\u00e7\u00e3o Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Publicou 13 livros sobre Psicologia, Psiquiatria e Sa\u00fade Mental."},"blog-info":{"title":"Sobre o blog","description":"Neste espa\u00e7o, s\u00e3o discutidas ideias e pesquisas sobre comportamento humano, psicologia e, principalmente, temas que se relacionam ao cotidiano das pessoas. Assuntos centrais na constru\u00e7\u00e3o de nossa autoestima, felicidade e vida. Seja bem-vindo(a)!"},"blog-publicity":"","comentarios":{"show":true,"id":16331071,"disableTitle":true,"displayInline":true}},"blog":{"conteudo":{"titulo":"O que aprendemos na quarentena? Veja algumas li\u00e7\u00f5es que podemos tirar","autor":"Dr. Cristiano Nabuco","texto":"
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Photo by Justin Veenema on Unsplash

Uma coisa \u00e9 fato: todos n\u00f3s, de alguma forma, sairemos diferentes dessa longa experi\u00eancia de reclus\u00e3o e de isolamento social. Al\u00e9m das quest\u00f5es envolvendo os debates pol\u00edticos, econ\u00f4micos e, obviamente, os temas ligados \u00e0 sa\u00fade p\u00fablica que, c\u00e1 entre n\u00f3s, se repetem \u00e0 exaust\u00e3o, colaborando com o desenvolvimento de alt\u00edssimas doses de estresse individual, me parece que os efeitos psicol\u00f3gicos da pandemia passam ao lado e est\u00e3o completamente descolados do imagin\u00e1rio coletivo. \u00c9 como se a subjetividade humana simplesmente n\u00e3o existisse e, assim, n\u00e3o fosse importante de ser discutida.

Claro, fa\u00e7amos justi\u00e7a ao excetuar as t\u00edmidas contribui\u00e7\u00f5es que vemos na m\u00eddia como um todo, ao alertar sobre o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depress\u00e3o, aumento das taxas de tentativas de suic\u00eddio, estresse p\u00f3s-traum\u00e1tico, o aumento da tens\u00e3o familiar etc; todavia, aqui reside uma quest\u00e3o maior: na maioria das vezes, deixam-se de lado as aprendizagens positivas que est\u00e3o sendo propiciadas por todo esse momento.

Voc\u00ea j\u00e1 se perguntou, por exemplo, como ir\u00e1 agir (internamente falando) a partir de todas essas viv\u00eancias que est\u00e1 sofrendo? Ou ainda: o que tudo isso estar\u00e1, de verdade, lhe ensinando?\u00a0Muitas coisas podem ser levadas adiante como importantes li\u00e7\u00f5es de vida.

Eu explico.

A primeira li\u00e7\u00e3o \u00e9 a de que o momento presente \u00e9 extremamente valioso. Veja s\u00f3, \u201csabemos\u201d disso faz tempo, mas creia, essa \u00e9 umas das primeiras vezes que, efetivamente, vivenciamos essa experi\u00eancia de maneira mais prolongada. A ci\u00eancia psicol\u00f3gica muito nos ensinou a respeito das pr\u00e1ticas do mindfulness, ou seja, da import\u00e2ncia de aumentarmos nossa rela\u00e7\u00e3o com a experi\u00eancia em curso como um importante recurso de ajuste de nosso bem-estar.

Usualmente, vivemos pensando no dia de amanh\u00e3, na pr\u00f3xima sexta-feira, na viagem que faremos em breve, nas t\u00e3o merecidas f\u00e9rias e, assim, o dia de hoje simplesmente evapora e se torna mais um obst\u00e1culo a ser superado com pressa, muita pressa – na verdade, ele virou apenas \u201cum detalhe\u201d. Isso faz com que criemos um tipo de \u201cvis\u00e3o em t\u00fanel\u201d, deixando de lado importantes quest\u00f5es pessoais, por exemplo, \u201ccomo estou me sentindo hoje?\u201d ou, \u201cmeu trabalho ainda me encanta?\u201d ou, \u201cestou satisfeito com o que conquistei na vida?\u201d.

Ao que tudo indica, viver voltado para o futuro nos ajudou a criar um tipo de anestesia emocional a respeito de tudo aquilo que n\u00e3o est\u00e1 bem dentro de n\u00f3s, deixando-nos, psicologicamente, fora de foco. Arrisco dizer que, n\u00e3o apenas anos se passam, mas, em muitos casos, d\u00e9cadas, at\u00e9 que come\u00e7amos a prestar um pouco mais de aten\u00e7\u00e3o em como, de fato, estamos verdadeiramente nos sentindo.

A pandemia nos ensinou, portanto, que o dia de hoje \u00e9 muito importante e merece ser vivido em sua plenitude, pois, literalmente, \u00e9 a \u00fanica coisa que temos nas m\u00e3os, pois j\u00e1 n\u00e3o temos o m\u00ednimo controle a respeito do que a covid-19 far\u00e1 com todos amanh\u00e3 (acabou-se o controle e o manejo dos planos futuros). Em fun\u00e7\u00e3o disso, tenho me surpreendido com o n\u00famero de pessoas que est\u00e3o se dizendo, inclusive mais animadas \u2013 apesar de todos os problemas \u2013 por poderem voltar-se para as coisas esquecidas nos arm\u00e1rios e at\u00e9 nas gavetas da alma e, mais que isso, por terem interrompido sua vida ao poderem perceber o quanto que a vida cotidiana estava longe (muito longe) de ser representativa (claro, n\u00e3o estou falando aqui daqueles que n\u00e3o tem onde morar ou o que comer).

Aprendemos tamb\u00e9m uma outra coisa importante: de que a rela\u00e7\u00e3o com nosso trabalho pode e deve ser urgentemente repensada. A maioria das pessoas \u2013 incluindo eu mesmo \u2013 est\u00e3o imaginando como ser\u00e1 o t\u00e3o falado \u201cnovo normal\u201d que, possivelmente, dever\u00e1 ser muito diferente, n\u00e3o por conta da pandemia, mas pelas mudan\u00e7as pessoais que tomar\u00e3o lugar. Muitos, tenho ouvido, dizem que n\u00e3o ir\u00e3o trabalhar como antes, pois se perdeu o “velho'' sentido.

E as rela\u00e7\u00f5es familiares? O que percebemos? Descobrimos que muito daquilo que tanto nos importunava, na verdade, era muito mais proveniente de nossa falta de tempo ou de paci\u00eancia do que propriamente decorrente das pessoas \u00e0 nossa volta (que precisam, na verdade, apenas de um pouco de aten\u00e7\u00e3o). A pandemia, assim, nos abriu uma possibilidade de olharmos nos olhos dos outros, de vez em quando, descobrir que, como n\u00f3s, eles tamb\u00e9m est\u00e3o inquietos e assustados e que, na verdade, \u201cestar bem\u201d tamb\u00e9m se relaciona com nossa capacidade de poder ajudar os outros a se sentirem, igualmente, um pouco melhor.

E, finalmente, descobrimos que podemos viver com as mesmas roupas por dias, pois s\u00e3o poucas aquelas que efetivamente nos trazem o verdadeiro conforto emocional. N\u00e3o precisamos de v\u00e1rios sapatos ou de um guarda-roupas muito representativo e, o mais interessante, quando percebemos que quando paramos de comprar aquilo que n\u00e3o era importante, o mundo l\u00e1 fora colapsou.

Assim, a li\u00e7\u00e3o que fica \u00e9 a de que devemos viver um dia de cada vez, prestando um pouco mais de aten\u00e7\u00e3o aos detalhes e, desta forma, tirando o m\u00e1ximo de proveito poss\u00edvel de cada gesto ou ato. Ao fazermos isso, estaremos emocionalmente mais presentes para poder realizar os ajustes de percurso que s\u00e3o importantes e, finalmente, voltar a fazer as verdadeiras conex\u00f5es conosco e com as pessoas que realmente importam \u00e0 nossa volta.

Eu n\u00e3o sei como voc\u00ea tem se sentido, mas essa experi\u00eancia poder\u00e1 nos devolver uma leveza que n\u00e3o sent\u00edamos faz muito tempo. Como diz aquele velho ditado: a vida \u00e9 muito mais simples do que parece… e, se est\u00e1 dif\u00edcil, \u00e9 porque a fazemos assim.

Pense nisso.

Afinal: o que voc\u00ea aprendeu na quarentena?

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