Videogames podem ser bons ao cérebro das crianças
Como você já deve ter percebido, a tecnologia invadiu, de maneira quase irreversível, vários aspectos de nossa vida. E, no que diz respeito à recreação dos pequenos, as coisas não poderiam ter sido muito diferentes.
Ainda que eu mesmo, várias vezes, tenha denunciado os efeitos negativos sobre o comportamento humano, um novo estudo procurou debruçar-se sobre a eventual relação entre a quantidade de tempo gasto nos games e as possíveis consequências sobre as habilidades cognitivas e sociais das crianças.
A investigação foi feita em cinco diferentes países da Europa e contou com uma amostra de mais de três mil crianças, ou seja, um número bem expressivo.
O resultado: jogar videogame pode, sim, criar possibilidades positivas.
Pesquisadores descobriram que o uso desses jogos propiciou um aumento das possibilidades (1,75 vezes) de desenvolvimento de um melhor funcionamento intelectual e um aumento (1,88 vezes) nas chances de se expandir a competência global na escola. (1)
Outro achado: descobriu-se que mais tempo gasto nos videogames foi associado a menos problemas de relacionamento com seus pares.
Importante destacar, entretanto, que apenas 20% da amostra jogava mais do que 5 horas por semana, ou seja, ao contrário do que vemos acontecer em muitas casas, onde há uma imensa dificuldade de se dar limites às crianças e aos adolescentes (que chegam a ficar "horas por dia"), uma exposição adequada pode promover o desenvolvimento de lazer colaborativo entre os filhos, afirmam os pesquisadores.
Portanto, os resultados devem sim ser comemorados, todavia, fique sempre de olho para o "quanto" desse uso deva ser permitido e, mais que isso, "sob quais condições" ele deverá ocorrer, pois essa é a linha divisória entre o benefício e o prejuízo (leia-se: para que não vire um problema).
Infelizmente, a "definição dos limites" de quando esse uso se torna prejudicial ainda é um problema entre os pais e educadores.
Como diz um velho ditado, a diferença entre o remédio e o veneno é a dose. Portanto, fiquem atentos.
Recomendações
a) Antes do acesso, procure verificar se o jogo é adequado à faixa etária de seus filhos;
b) Estabeleça um horário e um tempo de uso. Evite deixar o videogame com um acesso livre às crianças. Por exemplo, de 45 minutos a uma hora pode ser uma opção, dependendo da idade.
c) Preferencialmente, cuide para que a utilização ocorra antes do jantar e jamais antes de a criança ou o adolescente se deitarem. Além do sono ser prejudicado pela ansiedade gerada pelo jogo, a consolidação da memória do que foi aprendido na escola pode ficar seriamente comprometida; (2)
d) Acompanhe vez ou outra a experiência de seu filho durante o jogar, sentando, por exemplo, ao lado dele. Isso lhe permitirá, enquanto cuidador, "sentir" qual a mensagem que está sendo passada à criança e, além disso, ao conversar com ela a respeito (em vez de proibir), essa atitude colabora com a criação de uma consciência mais crítica na criança ou no adolescente;
e) Proponha atividades ao ar livre, onde os pais possam ativamente estar presentes. De nada adianta restringir o uso, se a criança ou o adolescente não vislumbra alguma alternativa de entretenimento e, finalmente;
f) Lembre-se que o exemplo que parte do comportamento dos pais é, de longe, um dos mais poderosos meios de modelar e influenciar o comportamento dos pequenos.
Referências
(1) http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00127-016-1179-6
(2) http://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br/2016/04/11/efeitos-do-uso-excessivo-da-internet-e-dos-videogames-sobre-a-memoria/
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