Você daria nota para um ex-namorado? Lulu dá!
Um aplicativo que dá nota para os homens com os quais as mulheres saíram vem fazendo sucesso.
"Lulu" é o nome do app criado por Alexandra Chong e que conecta aos perfis, no Facebook, dos ex-namorados – ficantes, amigos, casos ou qualquer outra definição de relacionamento que você já tenha criado, ligando-os a um sistema de pontuação.
Assim, os pontos são dados por um algoritmo e obedecem a algumas respostas a perguntas pré-programadas e que podem, de alguma maneira, graças aos comentários ("hashtags"), ser adicionados aos perfis. Apenas elas, claro, podem alimentar o sistema que está disponível apenas para quem tem um perfil feminino no Facebook.
De acordo com a criadora, a ideia de se ir a um encontro sem nenhuma noção de como realmente é o outro seria, de fato, assustador para as mulheres e, assim, o "Lulu" aumentaria as chances de se ir ao encontro da pessoa ideal (ou pelo menos com as mesmas afinidades), já seria bastante confortante.
Ouvi de alguns homens (mal avaliados pelo aplicativo, diga-se de passagem), que ficaram bastante incomodados com a ideia. Críticas pragmáticas apontaram para o fato de que o App, na verdade, não conseguiria fazer leituras de nuances de personalidade (por exemplo: a pergunta de que se ele tem "um olhar muito misterioso" afinal de contas, seria positiva ou negativa?), além disso, argumentam os avaliados: o "sistema" mal consegue quantificar se há algum tipo de humor inserido nos comentários das meninas.
Enfim, notas baixas à parte, o mais interessante mesmo é que, de acordo com uma reportagem do The New York Times, os homens estão preparados, e muito desejosos, de entrar nessa prateleira do Lulu.
Segundo o jornal, mais de 500 mil homens americanos solicitaram, por livre e espontânea vontade, uma "avaliação" no programa. Apesar de não poderem entrar no aplicativo, uma versão "masculina" permite alterar as fotos e sugerir "hashtags" (que não são contabilizadas pelo Lulu, obviamente). Alguns chegam a fazer campanhas para que ex-namoradas, casos ou "ficantes" avaliem seus perfis.
O negócio produziu tanto furor, que nos últimos 6 meses, a audiência do Lulu aumentou em 600%, e desde o último mês vem ganhando a atenção das brasileiras (e claro, dos brasileiros). Em especial, pelo espaço dado pelas mídias locais, que ecoaram a notícia original do NYT.
O Ministério Público do Distrito Federal informou nesta segunda-feira (2) que instaurou um inquérito civil público contra o Facebook e o Lulu. De acordo com o processo em curso, as companhias são suspeitas de "ofender direitos da personalidade de milhões de usuários do sexo masculino".
Lembremos que nas gerações anteriores (ou antes da onipresença da tecnologia), nossos fracassos ou fraquezas tinham uma repercussão mais curta, pois a rede de amigos era significativamente menor. Entretanto, imagine então agora, o que pode acontecer, como um jovem mais inseguro (e ainda com sua personalidade em formação) poderá sentir quando souber que foi mal avaliado e que isso pode estar sendo propagado por algumas centenas ou milhares de pessoas e, o pior, sem nada poder fazer.
Como psicoterapeuta, aprendi que ser reprovado socialmente, dependendo da fase que passamos, pode ser devastador para uma pessoa e gerar efeitos negativos por toda uma vida.
Assim seria muito bom se tivéssemos bastante consciência e cuidado antes de nos "divertir" em aplicativos aparentemente inofensivos, mas que podem, de fato, ser potencialmente danosos aos outros.
Vale a minha última pergunta: de quem é a maior responsabilidade nos casos dos desfechos mais danosos? Nossa ou do aplicativo?…
Seria muito bom pensar no assunto!… Saiba se divertir, mas sempre com consciência.
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